Sobre crentes que distorcem o sentido da misericórdia bíblica: “Essas são as pessoas que hoje, com uma “bondade” doentia, estão tolerando professores de erros em nossos púlpitos, porque simplesmente elas são extremamente educadas e desesperadamente “amáveis”. Elas preferem permitir que o erro seja pregado e almas sejam enganadas do que ferir os sentimentos desse tipo de pregador. Como nos dias de Elias, Baal deve ser adorado para que não haja uma seca! É melhor o câncer matar a sua vítima do que o cirurgião cruel usar o seu bisturi para extirpá-lo!”
Sidlow Baxter
“Toda crise, de qualquer gênero, é uma explosão de verdades. Logo, os incapazes de lidar até com suas próprias verdades não podem ser capazes de lidar com crises”.
Jânio de Fretias
“Nada será jamais tentado, se todas as possíveis objeções tiverem que ser primeiro superadas”.
Samuel Johnson
“A fé não consiste na ignorância, mas no conhecimento”.
João Calvino.
“Muitas pessoas que fogem da tentação deixam um endereço para correspondência”.
Lane Olinghouse
“A diferença entre envolvimento e comprometimento é como um café com ovos e presunto: a galinha foi envolvida e o porco foi comprometido”.
Martina Navratilova
“O que somos e as nossas motivações dizem mais sobre a nossa ‘espiritualidade’ do que alguma prática religiosa revestida de misticismo”.
Harold Segura C.
“Na proporção exatamente inversa a uma vida de profundidade com Deus é o quanto as pessoas precisam de uma liderança”.
“Os sete pecados capitais responsáveis pelas injustiças sociais são: riqueza sem trabalho; prazer sem escrúpulos; conhecimento sem sabedoria; comércio sem moral; política sem idealismo; religião sem sacrifício e ciência sem humanismo”.
Mahatma Gandhi
“Os prazeres são para o homem o que o sal e o vinagre são para a salada. Não se ingere sal aos punhados, nem vinagre aos copos”.
Jean-Jacques Rousseau
“A razão por que a preocupação mata mais pessoas do que o trabalho é que as pessoas se preocupam mais do que trabalham”.Robert Frost
“Aqueles que não ponderam são fanáticos, aqueles que não podem são tolos, e aqueles que não ousam são escravos”.
Lord Byron
“Está tudo se esfarelando. A fé no outro se esfarela. Você não pode contar com ninguém, você fica cada vez mais solitário e contando com os eletrodomésticos”.
Antunes Filho
“Nunca abra a porta para o menor dos males, pois muitos outros maiores escondem-se lá fora”.
Baltasar Gracián
“Se você não consegue se indignar, é porque você não está prestando atenção”!
Adesivo americano
“Tome cuidado com o que você finge ser, porque no fim, você se torna o que você finge ser”.
Kurt Vonnegut
“As ideias concordam bem mais entre si do que os homens”.
Tristan Bernard
===============================================================================
O alcance global da missão cristã
René Padilla
Não é necessário destacar que o ministério terreno de Jesus se concentrou em Israel, o povo escolhido de Deus. Seus contatos com os gentios ao longo do ministério, relatados pela Bíblia, são poucos. Entre eles se destacam dois casos.
O primeiro é seu encontro em Cafarnaum com um centurião romano que vai até ele em busca de ajuda para a paralisia que mantém seu servo prostrado (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10). Quando Jesus se dispõe a ir a sua casa, o centurião lhe diz: “Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar” (Mt 8.8). Tal resposta surpreende Jesus e o leva a comentar com os discípulos: “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (v. 10).
O segundo caso é seu encontro com uma mulher siro-fenícia na região de Tiro e Sidom (cidades gentias), a qual lhe roga que expulse um demônio de sua filha (Mt 15.10-20). A resposta de Jesus é desconcertante: silêncio. Ante a insistência da mulher e a intervenção dos discípulos que lhe pedem que a dispense, Jesus comenta: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (v. 24). A mulher insiste e ele afirma: “Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos” (v. 26). Ela não se dá por vencida e responde: “Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores” (v. 27). É uma resposta de fé que rende bom fruto, porque Jesus lhe contesta: “Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo, como tu desejas” (v. 28).
Poderiam ser citados outros casos de contato de Jesus com representantes do mundo gentio, mas esses dois bastam para afirmar que, ainda que seu ministério terreno tenha se concentrado em Israel, os não-judeus não foram totalmente excluídos dos benefícios de seu poder redentor. Assim, é válido lembrar que no começo do Evangelho de Mateus (2.1-12) encontramos o relato da visita de “uns magos que vieram do oriente” para ver o recém-nascido Jesus. Já era uma mostra da importância que o menino judeu teria para os povos não-judeus.
Apesar da escassez de referências ao ministério terreno de Jesus Cristo como algo que transcende as fronteiras de Israel, é notável que a comissão dada aos discípulos tenha uma óbvia conotação global: “Ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). O mesmo alcance universal está presente nas versões da Grande Comissão de Marcos 16.15, Lucas 24.47 e Atos 1.8. Evidentemente, o propósito de Jesus Cristo é que em todas as nações da terra (“panta ta ethne”) haja discípulos que o confessem como Senhor sob cuja soberania Deus colocou a totalidade de sua criação, e que vivam sob a luz dessa confissão.
Cabe, então, a pergunta: se Jesus Cristo tinha a intenção de que o anúncio do evangelho chegasse a todas as nações, por que limitou seu ministério quase exclusivamente ao povo de Israel? A resposta mais provável é que sua concentração em Israel foi coerente com o propósito de Deus de usar o povo de Israel como “luz das nações”. Com efeito, para isso é que ele foi escolhido! A promessa do pacto que Deus fez com Abraão não foi só de bênção para ele e seus descendentes: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei” (Gn 12.2). Foi ao mesmo tempo uma comissão: “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). A particularidade da eleição tinha um propósito universal. O particular e o universal se unem em Jesus Cristo: ele concentra seu ministério terreno em Israel como o povo escolhido de Deus, mas na Grande Comissão demonstra que seu propósito redentor, em conformidade com a vontade de Deus, tem um alcance global. E essa é a origem das missões transculturais que vão tomando forma depois da ressurreição e exaltação de Jesus Cristo, como relatado em Atos, em cumprimento a promessa do Senhor a seus discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).
Traduzido por Wagner Guimarães
• C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral?.
Fonte: http://www.ultimato.com.br
==================================================================================
Os Essenciais da Missão
O pacto de Lausanne oficializado em 1974 por líderes de 150 países sintetizou a missão da Igreja dizendo que o propósito de Deus é oferecer o Evangelho todo, por meio de toda a Igreja, a toda criatura, em todo o mundo.
Deixa, assim, bem claro que a missão de Deus é o mundo. O método de Deus é a Igreja. O tempo de Deus é hoje.
Paulo escreve a carta aos Romanos estando em Corinto possivelmente no ano 57. Ele estava de partida para Jerusalém levando a oferta para os crentes pobres e aproveita a saída de Febe, uma senhora de Cencréia nos derredores de Corinto que viajava para Roma, para escrever uma carta a esta nova e respeitada igreja.
Havia na igreja de Roma judeus e gentios, sendo os gentios predominantes. Uma igreja com a fé em Cristo alicerçada e liderança reconhecida. Paulo estava no fim de sua terceira viagem missionária e planeja seu próximo passo. Ele escreve para a igreja antes mesmo de visitá-la. Uma comunidade de crentes no centro do Império em uma cidade com cerca de 1 milhão de pessoas.
Ele era um missionário bem como um teólogo. Como teólogo ele expõe para a Igreja em Roma os fundamentos da fé cristã e fortalece a igreja. Como missionário ele diz que pretende visitá-los de passagem para a Espanha, onde pretendia testemunhar de Cristo. Como teólogo ele diz que a glória de Deus é a finalidade maior da existência da Igreja. Como missionário ele enfatiza que a prioridade diária da igreja é anunciar a Cristo onde ainda não fora anunciado.
Agostinho, Lutero e John Wesley vieram ao Senhor Jesus através dos textos desta carta aos Romanos. Lutero afirma que jamais um texto mudou tanto a vida de homens e mulheres como esta carta. João Crisóstomo pedia que lhe fosse lida esta carta uma vez por semana. Calvino dizia que esta carta era uma introdução à Bíblia. Melancton a transcreveu, duas vezes, à mão, para conhecê-la melhor.
Introdução – Chamado para ser apóstolo
Leiamos todo o capítulo 1 desta carta de Paulo aos Romanos.
No capítulo 1, verso 1, Paulo se apresenta e o faz a partir de suas convicções mais profundas.
Ele aqui é “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus”.
Ele afirma ser “servo” – doulos – escravo comprado pelo sangue do Cordeiro, liberto das cadeias do pecado e da morte e, apesar de livre, cativo pelo Senhor que o libertou.
Ele afirma ser chamado para ser “apóstolo” demonstrando que alguns servos podem ser chamados ao apostolado, porém não há apóstolos que não sejam primeiramente servos.
Ele é “chamado” por Deus. Em Efésios 4 ele entende que o Senhor Jesus chama, dentre todos na Igreja, “alguns” para serem apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres.
Quem nós somos, nosso chamado em Cristo, é mais determinante para nosso ministério do que para onde iremos. Não há na Palavra um chamado geográfico (para a China, Índia…), ou mesmo étnico (para os Indígenas, Africanos…). O chamado bíblico é funcional, quem somos em Cristo Jesus, e não para onde iremos.
Na exposição de Paulo alguns foram chamados para serem apóstolos, ou “a pedrinha lançada bem longe”, na expressão de John Knox. São aqueles que vão aonde a igreja ainda não chegou. Há os profetas, que falam da parte de Deus e comunicam Sua verdade. Há os chamados para serem pastores, que amam e cuidam do rebanho de Cristo. Estes são aqueles que amam estar com o povo de Deus e se realizam ministerialmente cuidando deste povo. Há os evangelistas, que são aqui os “modeladores” do evangelho, ou seja, os discipuladores. São os irmãos que fazem um trabalho nos bastidores, de discipulado, extremamente relevante para o Reino, o crescimento e amadurecimento da Igreja. Por fim os mestres, que ensinam a Palavra de forma clara e transformadora. São aqueles que lêem a Palavra e a expõe, e o fazem de forma tão clara que marca vidas e corações.
Na dinâmica do chamado há certamente uma direção geográfica. Se alguém possui convicção de que Deus o quer na Índia isto significa que há uma direção geográfica de Deus, não um chamado ministerial. Mas notem: a direção geográfica muda, e mudou diversas vezes na vida de Paulo. O chamado, porém, permanece.
Paulo foi chamado para os gentios, como por vezes expressa. Era uma força de expressão para seu perfil missionário pois, com exceção dos judeus, todo o mundo era gentílico. Assim ele expressa em Romanos 15:20 a prioridade geográfica do ministério da Igreja: “onde Cristo ainda não foi anunciado”. Na época, prioritariamente entre os gentios. Hoje, porém, pode ser perto e pode ser longe. Uma pessoa, de qualquer língua, raça, povo ou nação, que ainda não tenha ouvido as maravilhas do Evangelho, é a prioridade de Deus para a obra missionária.
Vivemos dias difíceis em que as convicções bíblicas mais profundas são questionadas dentro e fora da Igreja. É necessário alicerçarmos nossas convicções bíblicas missionais.
1. A mensagem missional: o evangelho é o poder de Deus
Leiamos juntos o verso 16: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”.
Temos freqüentemente uma má compreensão bíblica sobre o evangelho. No meio missionário ouvimos que o “evangelho está se expandindo”, que o “evangelho está crescendo”, que o “evangelho está sofrendo oposição” pois compreendemos evangelho como Igreja, ou como movimento missionário. Paulo sempre alterna suas ênfase evangelizadora, ora dizendo que prega o evangelho, ora dizendo que prega a Cristo.
Não estamos com isto afirmando que Jesus é o conteúdo do Evangelho, mas que Jesus é o próprio Evangelho. A expressão grega euaggelion – Boas Novas – refere-se ao cumprimento da Promessa – epaggelia. Jesus é, portanto, tanto a epaggelia quanto o euaggelion – tanto a promessa quanto seu cumprimento. É uma expressão validadora que a Promessa profetizada em todo o Novo Testamento está entre nós.
A Promessa chegou, e está entre nós. Ela se chama Jesus.
Jesus, portanto, é o Evangelho. Usando cores fortes no verso 16 Paulo afirma que “não me envergonho do evangelho”, ao que ele quer dizer: “eu não me envergonho de Jesus”. Quando ele afirma que o evangelho “é o poder de Deus” ela deseja comunicar que “Jesus é o poder de Deus”. Quando ele categoricamente destaca que o evangelho é poderoso para “salvar a todo aquele que crê” refere-se a Cristo: Jesus é poderoso para salvar a todo aquele que crê.
Assim, se nos envergonharmos do evangelho, estamos nos envergonhando de Jesus. Se deixarmos de pregar o evangelho, deixamos de pregar a Jesus. Se não cremos no evangelho, não cremos em Jesus. Se passamos a questionar o evangelho, seus efeitos perante as culturas indígenas, africanas e asiáticas, sua relevância, nós não estamos questionando uma doutrina, um movimento ou a Igreja. Nós estamos questionando a Jesus.
O que Paulo expressa neste primeiro capítulo é que, apesar do pecado, do diabo, da carne e do mundo, não estamos perdidos no universo: há um plano de redenção. Ele se chama Jesus. O poder de Deus se convergiu em Jesus. Ele nos amou com amor infinito. Ele está entre nós.
E ele diz de forma claríssima: “Não me envergonho”. A expressão aqui usada para vergonha apontava para uma posição de desconforto, quando alguém é destacado e criticado por muitos, ridicularizado.
Entendamos o contexto. O mundo da época era imperialista humanista e triunfalista. Interessante como as filosofias sociais não mudaram tanto em 2.000 anos. O evangelho, porém, contendia com todas estas idéias e, assim, colocava Paulo em situação altamente desconfortável ao apresentar Jesus como a verdade de Deus para salvação de todo homem.
Em um mundo imperialista Roma era o centro do universo e César o único capaz de organizar a sociedade de forma justa. Qualquer outra solução social que não passasse por Roma seria vista politicamente como uma afronta. Paulo, ao falar do evangelho de Deus como único capaz de solucionar os conflitos humanos seria combatido politicamente, colocando-o em clara situação de desconforto. A pregação do evangelho, assim, afrontava os pilares sociais e políticos.
Em um mundo humanista, sob influência grega, o homem habitava o centro do universo e qualquer ideologia ou filosofia só faria sentido se glorificasse o próprio homem. Ao falar sobre o evangelho de Deus, e não o evangelho do homem, Paulo certamente seria visto como um simplista cheio de religiosidade, alguém com uma mente menor. A pregação do evangelho, desta forma, afrontava também a filosofia da época.
Em um mundo triunfalista o universo era definido entre os conquistadores e os conquistados. Vencer batalhas e conquistar novas terras era o equivalente ao progresso. Ao falar sobre o evangelho de Deus como o único elemento capaz de vencer, glorificando o próprio Deus e não os homens, Paulo é visto como um derrotado. Desta forma a pregação do evangelho afrontava também a maneira do homem enxergar a vida.
Portanto, há 2.000 anos, falar do evangelho de Deus – falar de Jesus – poderia causar problemas políticos, gerar desprezo intelectual ao pregador e dar-lhe uma identidade de derrotado. Nada tão diferente de nossos dias.
Perante isto o Apóstolo Paulo brada: “eu não me envergonho….”. O evangelho é o poder de Deus. O evangelho é Jesus.
Gostaria de destacar algumas implicações desta nossa convicção missional, de que o evangelho é o poder de Deus.
Em primeiro lugar o evangelho jamais será derrotado pois o evangelho é Cristo. Sofrerá oposição, seus pregadores serão perseguidos. Será caluniado, mas jamais derrotado.
Em segundo lugar o evangelho não é o plano da Igreja para a salvação do mundo mas o plano de Deus para a salvação da Igreja. O que valida a Igreja é o evangelho, não o contrário. Se a Igreja deixa de seguir o evangelho, de seguir a Cristo, se a Igreja passa a absorver o imperialismo, humanismo, triunfalismo, e esquecer-se de Jesus, deixa de ser Igreja. A Igreja só é igreja se for evangélica – se seguir o evangelho.
Em terceiro lugar o evangelho não deve ser apenas compreendido e vivido. Ele se manifestou entre nós para ser pregado pelo povo de Deus. Paulo usa esta expressão diversas e diversas vezes. Aos Romanos ele diz que se esforça para pregar o evangelho (Rm 15.20). Aos Coríntios ele diz que não foi chamado para batizar mas para pregar o evangelho (1 Co 1.17). Diz também que pregar o evangelho é sua obrigação (1 Co 9.16).
Não importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o evangelho. A pregação abundante do evangelho, portanto, não é aqui apenas o cumprimento de uma ordem ou uma estratégia missionária mas o reconhecimento do poder de Deus. Uma igreja, uma pessoa, uma missão que não proclama Jesus está, paradoxalmente, menosprezando a expressão do poder de Deus na terra e a própria essência do evangelho, que é Jesus.
Paulo está dizendo, por outro lado, que é possível haver motivos humanos para um sentimento de vergonha, ou seja, constrangimento, ao pregar o evangelho. H averá humilhação, desprezo e perseguição. Mas “não me envergonho” porque é o evangelho é Jesus.
2. A necessidade missional: a humanidade – impiedosa e perversa – é indesculpável
No verso 18 Paulo nos apresenta a um Deus irado contra a atitude humana dizendo: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”.
No verso 20 ele afirma que Deus se manifestou desde a criação. Deus se manifestou e continuamos impiedosos e perversos. Somos, assim, indesculpáveis.
Notem que a “ira de Deus” não se manifesta contra o homem mas contra a impiedade e perversão do homem.
A “impiedade” refere-se a termos rompido com os valores de Deus. A “perversidade” refere-se a termos rompido com os valores dos homens. Expõe, portanto, um homem corrompido também criador de sua própria verdade.
Nem tudo o que é cultural é puro. O relativismo ético tem tentado moldar a presente geração convencendo-a de que toda prática humana é justificável desde que seja aceita por um grupo, ou seja, pelo próprio homem. A Palavra nos afirma o contrário: as práticas que fomentam o sofrimento do próximo e o distanciamento de Deus nos condenam – somos indesculpáveis.
Nos versículos 19 e 20, Deus se manifesta através da criação e há aqui um elemento universal: um Deus soberano, criador, controlador do universo e detentor da autoridade sobre a criação. Os homens, citados no verso 18, tornam-se indesculpáveis por ser Deus revelado na criação “desde o princípio do mundo”, sendo revelado tanto o “seu eterno poder”, quanto “a sua própria divindade”. Portanto, perante um homem caído, existente em sua própria injustiça, impiedoso e perverso, Paulo não destaca soluções humanas, eclesiásticas ou mesmo sociais. Ele nos apresenta Deus. Na teologia paulina a solução para o homem não é o homem, mas é Deus e Sua revelação.
Paulo está aqui, com forte tônica teológica, descrevendo a necessidade humana. Precisamos de Deus.
Em nosso estado natural após a queda – impiedade e perversidade – estamos perdidos. Podemos convencer alguém de que ele é pecador mas apenas o Espírito Santo poderá convencê-lo de que está perdido. O homem natural não se enxerga perdido, mesmo se enxergando pecador, o que o pretere de buscar a salvação em Cristo. Somente quando o Espírito Santo intervém ele é convencido de sua premente necessidade de Cristo.
O mundo hoje, após 2.000 anos em que esta Palavra foi revelada, continua impiedoso, perverso, perdido e necessitado de Deus.
40 milhões de africanos falam mais de 1.200 línguas que ainda nada conhecem do evangelho de Cristo. Na América Latina 1 terço das línguas nada tem da Palavra de Deus. Há ainda bem mais de 100 etnias indígenas, no Brasil, sem presença missionária, e mais de 180 sem uma igreja local entre eles. A Europa vive hoje uma fase pós cristã onde pregar o evangelho é tarefa das mais árduas. Alguns dizem que verdadeiros missionários pregam o evangelho nos lugares menos desenvolvidos, mais pobres e isolados do planeta. Ledo engano. Na África e na Amazônia pessoas sentam-se ao seu redor para lhe ouvir, mas não na Europa. Ali o evangelho é ridicularizado como também o evangelizador.
O Islamismo, nos últimos 5 anos cresceu 500% no mundo. O Budismo 100%. O Hinduísmo 70%. O Cristianismo 45%. O Islamismo não é apenas a religião que mais cresce no mundo hoje mas é também a religião predominante em 43 países. 20% da população mundial é Islâmica. Os Islâmicos esperam se tornar a religião mais ativa na Suécia, França e Inglaterra dentro de 20 anos.
Há mais de 17.000 comunidades ribeirinhas e indígenas sem nada do evangelho no Norte do nosso país. O sul continua sendo um desafio imensurável. Poucas igrejas, pouco avanço, grande necessidade. O nordeste, apesar do abençoado avanço missionário nos últimos 15 anos, ainda possui bolsões onde Jesus é totalmente desconhecido e jamais foi apresentado ao povo local.
Cresce no mundo toda sorte de “perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça” (verso 18). Paulo enumera alguns atos de perversão. No verso 20 ele nos fala da perversão filosófica em que os homens, mesmo perante a manifestação de Um que tudo criou, procuram alicerçar suas vidas com base em seus próprios pensamentos corruptíveis. No verso 23 fala-nos da perversão religiosa em que mudaram a glória de Deus, incorruptível, em imagem de homem corruptível bem como de aves, quadrúpedes e repteis. Fala-nos da idolatria. No verso 26 em diante nos fala a respeito da perversão ética onde ele menciona que o homem deixa o contato natural com a mulher e se relaciona homem com homem, cometendo torpeza. No verso 28 a Palavra nos diz que, por terem desprezado o conhecimento de Deus, o Senhor os entrega a uma “disposição mental reprovável”. Ou seja, a natureza humana é pecaminosa, e assim o homem se põe a cometer “atos inconvenientes, cheios de injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e misericórdia” (Rm 1.29, 30 e 31).
O homem, portanto, não é condenado por não conhecer a história bíblica. Ele é condenado por não glorificar a Deus. Os homens não são condenados por não ouvirem a Palavra. São condenados cada um por seu pecado.
Há alguns elementos bíblicos neste precioso texto que nos ajudam a pensar em alguns princípios em relação ao evangelho.
Em primeiro lugar há uma verdade universal e supra cultural: Deus é soberano e dono de toda glória. Esta verdade fundamenta a proclamação do evangelho.
Em segundo lugar o pecado intencional (perversidade e impiedade) nos separa de Deus. Não há como apresentar Deus que busca se relacionar com o homem sem expor o pecado humano e seu estado de total carência de salvação.
Em terceiro lugar somos seres culturalmente idólatras. É comum ao homem caído gerar uma idéia de deus que satisfaça aos seus anseios sem confrontá-lo com o pecado. Esta atitude é encontrada em toda a história humana e não colabora para o encontro do homem com a verdade de Deus.
Em quarto lugar a mensagem pregada por Paulo é contextualizada, expondo Deus de forma compreensível. Não é inculturada, pregando um deus aceitável ou desejável, mas sim um Deus verdadeiro. Se amenizarmos a mensagem do pecado contribuiremos para a incompreensão do evangelho, o sincretismo religioso e o esfriamento do movimento missionário.
3. A manifestação missional: Deus nos convida a crer – o justo viverá por fé
Uma das expressões mais bombásticas em toda a Escritura se encontra no verso 19: “porque Deus lhes manifestou”.
Somos salvos pela manifestação de Deus. As nações – todo aquele que crê – serão salvas pela manifestação de Deus. Não pela capacidade da Igreja, por suas estratégias bem torneadas, por suas mentes brilhantes, por sua habilidade lingüística ou teológica – mas pela manifestação de Deus.
Deus não é manifestado, Ele aqui se manifesta. Ele é o iniciador da nossa salvação. Seu amor é a segurança de que somos salvos.
C.S. Lewis nos diz que a imutabilidade do caráter de Deus – Pai amoroso – é a segurança de nossa salvação. A fé não é a fé na Igreja, ou a fé na própria fé, mas sim a fé em Deus, naquEle que se manifesta.
No capítulo 1, verso 17, Paulo nos diz que “a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”.
Em meio ao caos do pecado, diz Paulo, o justo viverá. Viverá por fé.
Ele aqui reproduz a mensagem de Habacuque (Habacuque 2:4) que faz esta afirmação 600 anos antes de Cristo . Para entendermos esta verdade precisamos pensar no profeta Habacuque.
No primeiro capítulo do livro de Habacuque o profeta denuncia o sofrimento do povo de Deus. Diz que, perante o ataque dos Caldeus, o povo sofre violência, destruição, prisão e humilhação. E pergunta: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniqüidade e me fazes ver a opressão?” (1:2-3). O profeta pede que Deus mude as circunstâncias, que anule o sofrimento.Deus responde à Habacuque, mas não é a resposta que ele deseja ouvir. O Senhor diz que haverá ainda mais destruição, morte e sofrimento. Habacuque se desespera e diz que se porá na torre de vigia. Habacuque não sabe o que fazer.
Pede paz e o Senhor lhe anuncia coisas ainda mais terríveis. Pede que o sofrimento cesse e o Senhor lhe apresenta sofrimento ainda maior. Habacuque, porém, confia no caráter do Senhor e diz: eu esperarei.Ali Habacuque reflete e percebe que Deus possui motivos para castigar o seu povo. Identifica, assim a idolatria, a autoconfiança e a iniqüidade. Habacuque ainda aguarda na torre de vigia e espera a misericórdia do Senhor.
Ao fim ele percebe que “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha fortaleza” ( Hc 3: 17-19).O profeta percebe que Deus não perdeu Seu poder mesmo perante o caos. Deus não deixa de ser Deus quando se cala. E Deus permite o caos para nos ensinar a crer. O profeta percebe que Deus o convida a crer, e este é o assunto central neste diálogo entre Habacuque e Deus. Habacuque pede que o Senhor mude as circunstâncias mas Deus lhe convida a crer que Ele é Deus mesmo no meio da tempestade.
No capítulo 3.17 Habacuque exclama, aquilo que iria levar Paulo após 600 anos a fundamentar a carta aos Romanos, e aquilo que levaria Lutero, após 2.100 anos, a iniciar a Reforma: “O justo viverá por fé”.
Deus não convida os povos a ver, mas sim a crer. Deus nos convida a ter fé. E a fé vem pelo ouvir, e o ouvir da Palavra do Senhor.
Não há nada mais poderoso em nossas ações missionárias do que proclamarmos a Palavra do Senhor. Ela gera fé. Ela transforma o coração mais duro, a nação mais forte, o homem mais ímpio. Ela transformou a minha e a sua vida. Fará isto ainda com milhões. A missão da Igreja não é apenas clamar por paz, ou pedir que o Senhor mude as circunstâncias. A missão da Igreja é proclamar a Palavra que gera fé, converte o coração, transforma as nações.
Conclusão
Partilhamos nestas linhas algumas convicções missionais. A mensagem missional (o evangelho – Jesus – é o poder de Deus); A necessidade missional (o homem, impiedoso e perverso, está perdido); A manifestação missional (Deus convida o mundo a crer: o justo viverá por fé).
O pastor Hernandes Dias Lopes diz que a obra missionária é imperativa, intransferível e inadiável. Ele tem razão. Diz também que a Igreja é a única que não ouve e obedece a voz de Deus.
Deus ordenou, e sua Palavra sempre foi obedecida. Ele disse ‘haja luz’ e houve luz. Falou ao mar e ele se abriu. Sua palavra foi obedecida por demônios que foram expulsos, enfermos que foram sarados, muralhas que caíram. Ele falou à tempestade e ela se acalmou.
Ele também ordenou a igreja: vá por todo o mundo anunciar Jesus a todas as nações. Após 2.000 anos de Cristianismo Jesus ainda permanece desconhecido por boa parte do planeta, mais de 3.500 línguas faladas por 2 bilhões de pessoas não o conhecem. Será a Igreja, perante todos, a única a desobedecer ao comando do Senhor ?
Ronaldo Lidório
Fonte: www.miaf.org.br
================================================================================
Respostas do teste Você sabe raciocinar?
- 5 centavos
- 5 minutos
- 47 dias
================================================================================
Encarnação e Missão
Cristo sendo Deus se fez homem, sendo rico, veio pobre, tendo força, mostrou-se fraco, não usou de sua força para destruir; ao invés de governar com seu poder, revelou-se pelo serviço. Por esta razão sua encarnação é o ponto central de sua missão. Não se pode fazer missão sem este conteúdo da missão.
A encarnação ou a inserção de Cristo foi o primeiro ato para o desenvolvimento de sua missão. Se quisermos seguir o caminho que Jesus percorreu, não temos outra opção senão entendermos a sua encarnação. Este é o método utilizado por Jesus para se aproximar dos homens. E estamos vivenciando isto aqui na África. Não há como anunciar o evangelho sem estar inserido na cultura, ou no meio do povo, principalmente quando se esta em um contexto urbano.
Nesta caminhada proposta por Jesus, a encarnação ou inserção significa andar com o povo, entrar nos becos, ruas e esquinas, comer com o povo, acolher, abraçar, chamar para si os possessos e libertá-los, não rejeitá-los e nem julgá-los, sejam eles mulçumanos, budistas, hinduístas ou animistas. Estas características da missão de Jesus têm muito a nos ensinar hoje. Aqui os becos da cidade e as esquinas estão cheios de mendigos, de desempregados, de doentes, e muitos abandonados. Gente que não dá ouvidos para aqueles que apenas passam pelo seu caminho.
A humanidade de Jesus era tão comum, tão normal, tão semelhante à nossa, que seus familiares se escandalizavam ao ver as obras que Ele realizava, como se achassem que Jesus estivesse fora de seu juízo (Mc 6:1-5).
Por outro lado, Jesus mostrou-se admirado com a falta de fé deles. Jesus deixou muitos exemplos que nos levam ao caminho da humildade. Missão se faz de forma simples, com soluções simples: aqui nas cidades da África o povo não quer grandes projetos, grandes indústrias, eles querem o necessário para viver uma vida digna. Mas para conhecer suas reais necessidades é preciso estar com eles, seja nas esquinas, nos becos das cidades, nos campos ou nas tribos. Temos que estar com eles.
Jesus, além de incluir todas as pessoas, incluiu todas as circunstâncias. Jesus se importava com todos os problemas. Jesus estava presente em todos os momentos, independentemente de sua gravidade. Eu e minha família estamos aprendendo a escolher este caminho em nossa missão todos os dias.
Esta é a estrada que Jesus nos propõe: encarnarmos no meio do povo de uma forma completa. Este é o desafio para a missão da Igreja.
Lembro-me do que o Pr Júlio Zabatiero escreveu: “Para a Igreja seguir o exemplo de Jesus, a encarnação missionária deve ter duas características básicas que são:
a) O discernimento do Espírito (Cl 1,9-11), a fim de podermos distinguir entre o pecado e a justiça, o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e o erro em nossa cultura e sociedade; b) A compaixão (Mc 6.34), para podermos anunciar o Evangelho da salvação às pessoas que estão escravizados pelos poderes do pecado e da morte, e que caminham cegas, como ovelhas perdidas, sem pastor.”
A compaixão está presente em toda a missão de Jesus. Precisamos entender que para o cumprimento da missão são indispensáveis dois requisitos: discernimento e compaixão.
Mas, se, de fato queremos seguir o caminho que Jesus percorreu e fazer de Sua missão a nossa missão, não seria o caso de dar um chega-pra-lá em nossos próprios caminhos e encarnarmos o ponto central da missão de Jesus com fé? Também não seria o caso de dar um chega-pra-lá em nossa soberba e encarnarmos o ponto central da missão de Jesus com compaixão?
Pr. Ricardo Matioli
Servindo o Senhor na África
Fonte: www.miaf.org.br
===============================================================================
João sem braço
A questão é simples. A bíblia é muito fácil de entender. Mas nós, cristãos, somos um bando de vigaristas trapaceiros. Fingimos que não somos capazes de entendê-la porque sabemos muito bem que no minuto que a compreendermos estaremos obrigados a agir em conformidade.
Tome qualquer palavra do Novo Testamento e esqueça tudo a não ser o seu comprometimento de agir em conformidade com ela. “Meu Deus”, dirá você, “se eu fizer isso minha vida estará arruinada. Como vou progredir na vida?”.
Aqui jaz o verdadeiro lugar da erudição cristã. A erudição cristã é a prodigiosa invenção da igreja para defender-se da bíblia; para assegurar que continuemos sendo bons cristãos sem que a bíblia chegue perto demais.
Ah, erudição sem preço! O que seria de nós sem você? Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. De fato, já é coisa terrível estar sozinho com o Novo Testamento.
Soren Kierkegaard
Colaboração: Wani
================================================================================
“Se não tornarmos clara nossa posição, com palavras e obras, em favor da verdade e contra as falsas doutrinas, estaremos edificando um muro entre a próxima geração e o evangelho.” – Francis Schaeffer
================================================================================
A teologia da anti-missão
Ao olhar para a igreja atual parece que há algo de errado, que de alguma forma ela conseguiu mudar seu propósito e sua natureza, conseguiu desviar-se do que a princípio foi estabelecido pelo próprio Jesus.
A igreja Brasileira nos últimos anos foi invadida por aquilo que denominamos de teologias da anti-missão. Uma dessas teologias é a teologia da prosperidade que levou a igreja evangélica brasileira a uma mudança de paradigma. As igrejas, bem como seus ministérios, suas pregações e suas ações deixaram de servir para serem servidas. Neste processo nossa igreja busca somente satisfazer seus próprios interesses.
Nos últimos anos a igreja deixou de ser agente missionário para se tornar uma instituição mercadológica onde o evangelho é vendido sem escrúpulos, e onde o melhor vendedor é aquele que possui uma mega-igreja ou uma igreja de destaque na sociedade, não por aquilo que faz mas pela aparência que tem. Tenho uma séria preocupação com o modo como a igreja brasileira absorve modelos pré-prontos, tornando-os mais importantes que os princípios teológicos da missão. Quando olhamos atentamente para a igreja brasileira percebemos que ela sofre de uma síndrome que a distancia a cada instante da sua natureza missionária. Nossas igrejas não conseguem desenvolver uma ação prática que possa transformar nossa comunidade.
A respeito da realidade da igreja brasileira, Ariovaldo Ramos a descreve desta forma:
A face mais visível da igreja brasileira e, aparentemente, a que mais cresce, em vez de denunciar a injustiça social e propor e viver uma economia solidária, passou a pregar uma teologia que sustentava a desigualdade, ao afirmar que a riqueza deveria ser o alvo do crente, e que o caminho é a fé atestada pelo nível de contribuição e pela capacidade de arbitrar, por decreto, sobre o que Deus deve fazer. (…)
Em vez de viver, sinalizar e anunciar o reino, passou a caçar os principados e potestades nas regiões celestiais, ora localizando e derrubando os seus potes-ídolos, ora ungindo de alguma forma criativa a cidade, inaugurando o que James Houston chamou de evangelização cósmica. (…)
Outro houve que assumiu a igreja como uma empresa, sonhando também com impérios, e passou a importar modelos de gerenciamento que a organizasse, desenvolvesse excelência ministerial e produzisse crescimento, usando muitas vezes o princípio do “apartheid” As ovelhas foram transformadas em mão-de-obra e os pastores em gerentes de programa. (Ramos, 2005, p. 201-203)
Diante deste quadro tão preocupante que se encontra a igreja brasileira, para que possamos retomar os princípios neo-testamentários acerca da missão é necessário redescobrir na igreja de que forma a missão cristã pode exercer mudanças em nossa geração, buscar à luz de uma pesquisa teológica e bíblica quais são os princípios e valores inerentes à função da igreja cristã em nossa sociedade.
David Bosh ao falar sobre esta natureza da igreja diz:
Na eclesiologia emergente, a igreja é vista como essencialmente missionária. O modelo bíblico que está por trás dessa convicção e que tem sua expressão clássica em Atos 2 (”A igreja peregrina é missionária por sua natureza”), é aquele que encontramos em 1 Pedro 2.9. Aqui a igreja não é a remetente, mas a remetida. Sua missão (o fato de “ser enviada”) não é secundária em relação à sua existência; a igreja existe ao ser enviada e edificar-se visando à sua missão (Barth 1956:725 – estou me baseando aqui no original alemão, e não na tradução inglesa). A eclesiologia, portanto, não constitui uma atividade periférica de uma igreja firmemente estabelecida, [está] queimando fulgurantemente (…). A atividade missionária não é tanto uma ação da igreja, mas é simplesmente a igreja em ação (Bosh, 2002, p. 447).
Através de um estudo aprimorado sobre a identidade da igreja e sua ação missionária quero propor um novo pensamento a cerca de nossa caminhada e uma ação mais efetiva que possa trazer mudanças palpáveis em nossa sociedade, principalmente entre aqueles que necessitam de uma transformação integral, mostrar apontamentos de como podemos reverter essa realidade.
É preciso retomar nossas idéias, parar com tudo e entrar num processo de reavaliação de nossos conceitos e paradigmas. Deixar de lado nossa ansiedade em “evangelizar” o mundo e começar a pensar em missão como um processo de transformação integral na vida daqueles que são atingidos por ela.
Nosso primeiro passo deve consistir em buscar de forma bíblica e teológica os conceitos da missão deixada a nós por Cristo, identificar quais são as verdades bíblicas a respeito deste tema e quais são os modismos que devemos abandonar, pois nossos modismos nos levam a servir muito mais a nós mesmos do que aos que ainda não conhecem o evangelho.
Sem uma visão clara acerca da missão, corremos o risco de nos tornarmos uma simples instituição mercadológica preocupada só com o número de almas ou com as metas numéricas que devemos alcançar.
A igreja deve deixar seus programas gerenciais e voltar-se à vida das pessoas, trazendo um evangelho integral que atenda as necessidades. Precisamos tornar nossas igrejas úteis aos necessitados, nossos cultos acessíveis a todos, sem exceção; assim poderemos vivenciar e demonstrar o amor de Deus pelos povos. Um dos grandes passos para a igreja atual é romper com o evangelho apenas falado e começar a viver um evangelho prático que caminha em direção às pessoas.
Usando Cristo como exemplo, poderemos encontrar os parâmetros necessários para o cumprimento desta missão. Olhar para Cristo nos levará a abandonar nosso orgulho e hipocrisia que gera um muro que nos separa da missão autêntica.
Quando deixarmos de lado nosso próprio eu, daremos espaço para que o Espírito Santo aja através de nós.
A missão começa quando nós experimentamos uma intimidade autêntica com Deus que nos leva a compreender seu amor, sua graça e sua bondade. Mesmo que isso não seja uma atitude fácil, e não é, precisamos caminhar para um processo de busca neo-testamentária, seguindo o exemplo dos cristãos do primeiro século.
De forma prática a busca para responder ao chamado da missão, deve ser um só:
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus que, embora sendo Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que devia apegar-se; mas se esvaziou a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! – Fil. 2:5-8 (NVI).
BIBLIOGRAFIA
BIBLIA SAGRADA NOVA VERSÃO INTERNACIONAL. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2002.
RAMOS, Ariovaldo. “A Ética e a Igreja”. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE EVANGELIZAÇÃO 2. Missão Integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo. Viçosa: Ultimato; Belo Horizonte: Visão Mundial, 2004, p.197-205.
BOSH, D. Missão Transformadora: Mudanças de Paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo: Sinodal, 2002.
Paulo Feniman
MIAF – Missão para o Interior da África
www.miaf.org.br
================================================================================
Os profetas
Os profetas marcaram a história judaica por se oporem ao cerimonialismo religioso sustentado pela lógica sacrificial e pelo peleguismo sacerdotal. Eles forneceram conteúdos éticos à consciência política e ao tecido social. Os profetas encararam o rei para defender viúvas pobres. Amargaram a pobreza para denunciar desvios morais entre o povo.
Os profetas eram moscas que atrapalhavam a sala do perfumista corrupto; suas palavras, martelos que despedaçavam corações de pedra; seus olhos, faíscas do fogo consumidor da justiça. Se vidas corriam perigo, não temiam descer em fossas fétidas. Não havia dinheiro que os comprasse. Os profetas desmascaravam personagens que ritualizavam a espiritualidade, desdouravam promessas de paz e caminhavam na contramão do sucesso.
Os profetas detectavam os blefes do jogo do poder. De dedo em riste, saiam do palácio para clamar no deserto. Mesmo sabendo que não seriam ouvidos, insistiam em prenunciar os despenhadeiros que a falta de amor abria. Prometiam trevas pela falta de ética e morte pelo egoismo. Desprezados em vida, precisaram esperar que o futuro lhes desse razão. Mas mesmo assim perseveram sob ameaça de assassinato e ostracismo.
Os profetas sentiram as dores divinas. Percebendo que a história descambava, se colocavam na brecha. Vendo que os acontecimentos fugiam do controle divino, vociferavam maldições. Os profetas sofriam, indignados com a banalização da vida e com a morte desnecessária de inocentes. Mais que porta-vozes do além, encarnavam o coração paterno de Deus.
Os profetas foram sentinelas nas muralhas que protegiam as cidades, bússulas na incipiente ética primitiva, faróis da esperança futura. Israel deve a eles sua permanência histórica mesmo tendo sido considerado uma Sodoma e se mostrado mais vil que os povos inumanos que o rodeavam. O judeu só não desapareceu como esterco da história devido a Isaías, Ezequiel, Oséias e outros.
Os profetas continuam necessários. Sem eles, as pedras clamam, Deus não fala, o futuro inexiste, toda a perspectiva se esgarça e o inferno se viabiliza. Nunca se precisou tanto deles, principalmente, agora, nesse protestantismo cooptado pelo mercado e instrumentalizado pela ganância.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
================================================================================
Atentado missionário
Todos os dias, vemos no jornal que um novo atentado terrorista ocorre no Iraque e em outras partes do mundo. Além dos prédios derrubados e carros queimados, milhares de pessoas morrem ou desaparecem. O atentado é um ato criminoso. Todos nós condenamos os atentados terroristas e temos até medo deles.
No entanto, gostaria de refletir sobre um outro tipo de atentado. Em primeiro lugar, ele não é um ato criminoso, mas talvez seja até um pouco pior. Depois, ele não é cometido por terroristas com uma falsa esperança, mas é cometido por cristãos que têm esperança de uma vida eterna. Esse atentado não usa explosivos ou aviões seqüestrados, mas poderosas armas invisíveis como desprezo, desinteresse e insensibilidade.
Trata-se do “atentado missionário” que muitos crentes cometem semanalmente. Um terrorista, quando descobre a falsa esperança que lhe é vendida, morre por ela. O cristão, depois que descobre a esperança de vida eterna, morre com ela, sem repartir com os outros. O terrorista faz qualquer coisa para arranjar dinamite e bombas, amarra-as ao corpo e explode tudo que for possível. O cristão pega a Bíblia “dinamitada” que tem à sua mão e guarda-a bem guardada, com medo que ela faça estragos em sua vida e na vida das pessoas que estão ao seu redor.
O terrorista tem alvos específicos. Ele quer explodir prédios e matar pessoas. O crente, muitas vezes, não tem alvo. O máximo que ele faz é construir alguns prédios que são chamados de “igrejas” para se esconder dentro deles. Talvez a única coisa em que o terrorista e o cristão são iguais é que ambos podem matar pessoas. O terrorista quer matar pessoas para defender sua causa. O cristão pode matar algumas pessoas por não propagar a sua causa.
Milhares de pessoas já morreram em atentados terroristas no mundo todo. No entanto, milhares de pessoas morrem diariamente pelo mundo, por causa dos “atentados missionários” cometidos por milhares de cristãos. Um cristão comete um “atentado missionário” quando deixa de fazer aquilo que Deus está pedindo que ele faça pela obra missionária. Um cristão comete um “atentado missionário” quando deixa de orar, contribuir, ir, pregar ou ensinar todas as coisas que Jesus mandou.
Muitos também cometem “atentados missionários” quando desprezam a obra missionária, são insensíveis à necessidade de testemunhar de Jesus ou simplesmente não se interessam pela salvação de mais pessoas. O resultado são milhares de pessoas morrendo todos os dias, sem esperança e sem Jesus, e que habitarão o inferno eternamente. Isto, sim, é um verdadeiro atentado, sem chance de reação por parte dos atingidos.
Para saber se você tem participado dos atentados missionários ao redor do mundo, responda às perguntas a seguir: “Oro por missões constantemente?”, “Ajudo a sustentar missionários?”, “Obedeço ao ‘Ide’ de Jesus em minha vida?” Se você respondeu “sim” às perguntas, alegre-se, pois você está contribuindo para levar salvação a muita gente. No entanto, se você respondeu “não”, leia o artigo outra vez e pense um pouco no assunto.
Josué Campanha
Fonte: www.miaf.org.br
Deixe um comentário